sábado, 12 de abril de 2008

Palestra - Indisciplina na Escola


Decorrerá na próxima sexta-feira, 18 de Abril, pelas 21 horas na escola primária uma palestra subordinada ao tema "A (in)disciplina na Escola. Os mais recentes acontecimentos parecem que vêm dar razão à pertinência da "conversa com pais" como gosta de lhe chamar a Dra. Renata, Psicóloga do Agrupamento.
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"Não leio porque não tenho tempo"

Pelo Prof. Paulo M. Faria (Docente no Agrupamento de escolas de Vila Cova)

“Creio que o ensino da literatura, nos diversos graus em que se esboce ou desenvolva, jamais poderá deixar de abranger, entre os seus propósitos dominantes, o de incutir o amor pelas palavras, bem como o de fomentar, pouco a pouco, a reflexão sobre as palavras. Sem esse amor, sem essa reflexão, o convívio com a literatura não passará de grosseiro equívoco, tanto mais prolongado”.David Mourão-Ferreira, Terraço Aberto, p. 74


Não leio, porque não tenho tempo…


Quem ainda não está convencido de que ler é importante? Creio que todos pais, professores e educadores não têm qualquer dúvida quanto à importância da leitura nas nossas vidas. Imaginem só que há mesmo quem defenda, depois de vários estudos, que é importante ler para a criança mesmo quando ainda está no ventre da sua mãe. Admirável, não é? Confesso que a leitura foi um dos factores que mais influenciou a minha personalidade, tendo um papel decisivo ao nível do desenvolvimento pessoal e profissional. Tive a sorte, desde pequeno, viver numa família onde existiam muitos livros velhos, novos, enciclopédias, bíblias, tratados filosóficos, teológicos, romances, jornais, um pouco de tudo, onde se cultivava na altura, não tanto o gosto de ler, mas a obrigação.

Essa necessidade foi, sobretudo transmitida na minha infância, por um tio padre com quem vivia. E, hoje, olhando para trás, não duvido que foi determinante o facto de me ter sido incutido essa necessidade de ler todos os dias. Quando falo na leitura diária refiro-me a um exercício obrigatório que não se compadece com feriados ou dias santos. Ler tem que estar nas nossas vidas como alguma coisa sagrada e ao mesmo tempo trivial; ler tem que ser encarado como vital para a nossa sobrevivência da mesma forma que escovámos os dentes, fazemos as nossas orações, tomámos as nossas refeições ler é um exercício que só pode ser comparado a uma actividade essencial na nossa vida. Aos meus alunos costumo dizer que devem ler, nem que seja uma página diariamente.
É por demais habitual ouvirmos os adultos falar da “falta de tempo”. Em todos os sectores da actividade se ouve esta lamúria, mais ou menos institucionalizada. Até me parece que não se dá verdadeiro valor a uma actividade que não seja feita com falta de tempo. E, depois, o andar atarefado transmite assim um ar de competência, de responsabilidade, de que aquilo que fazemos é tão importante que ninguém o conseguiria fazer… Como não estou completamente imune a este tipo de justificação, pensando bem, acho que o nosso problema está na gestão do tempo, porque todos temos para aquilo que queremos.
Não concordam? Então pensem na gestão que fazemos do dia-a-dia. É ou não verdade que se quisermos temos cinco minutos, dez, já não digo mais, para ler? E isto é só um exemplo.
Há, contudo, outro problema associado à leitura, que passa pela selecção das obras. Sabemos que uma escolha cuidada pode oferecer à criança ou ao adulto momentos de especial gosto por aquilo que se está a fazer. E se as nossas sugestões forem adequadas, podemos justamente estar a contribuir para que os nossos pequenos leitores se tornem mais motivados, mais competentes. E cada livro funcionará assim como um pequeno desafio, com um grau de dificuldade tendencialmente maior à medida que se vão desenvolvendo hábitos de leitura.Outra ideia que me parece importante sublinhar tem a ver com facto de nos podermos aproximar dos nossos filhos pela leitura. Exactamente! E aqui não me refiro só às narrativas fantásticas, do capuchinho, das fadas, gnomos e de todos aqueles seres fantásticos que nós contámos aos nossos filhos, enquanto criancinhas ao adormecer; refiro-me aqui a um aspecto que podemos estar a descurar e que os livros podem dar uma grande ajuda: podem mesmo ser uma ponte para a aproximação para o diálogo. Imaginem que fazem parte das vossas conversas as leituras que os vossos filhos fazem. Não será um bom pretexto, não só para partilharmos histórias, como para tirar ensinamentos de vida, reflexão acerca de problemáticas, etc. Estamos a falar do encontro, ou reencontro de gerações. Se me dizem que eles não lêem, aí as coisas têm que mudar, e já.
Com a brevidade necessária de um artigo, termino deixando a sugestão que visitem as sugestões do Plano Nacional de Leitura em http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/
O nosso Agrupamento também tem um projecto que visa a dinamização da leitura e pode ser visitado em http://bookcrossingebi.ning.com
Permitam-me que deixe algumas sugestões, sobretudo para os leitores mais novos:

 Conversem com os vossos filhos sobre os cuidados que devemos ter com os livros;
 Escolham um lugar calmo e um momento agradável para ler;
 Escutem o que eles têm a dizer sobre a leitura, ouvindo a sua opinião e questionem sempre com serenidade;
 Deixem que a criança manuseie e explore o livro;
 Orientem os vossos filhos na realização dos trabalhos que lhe são propostos;
 Demonstrar prazer e alegria ao ler e trabalhar com os vossos filhos.

Nº 3 do nosso boletim

Caso pretenda o nosso boletim, envie um mail para n.sousa@iol.pt e ser-lhe-á enviada a versão digital do boletim